sexta-feira, 16 de maio de 2008

O ADEUS DE MARINA

A grande repercussão do pedido de demissão da ministra Marina Silva deixa a clara impressão de que este episódio é, sem dúvida, muito ruim para a imagem do Brasil no exterior. Marina, com longa trajetória na militância ambientalista, simbolizava, no posto mais alto do ministério, a resistência ä prática do desenvolvimento inconseqüente e a valorização do desenvolvimento sustentável. Numa perspectiva organizacional, sua visão ambientalista mais radical significava o anteparo contra políticas desenvolvimentistas agressivas ao meio ambiente. Não por acaso, seu nome constou entre as cinquenta pessoas que o jornal inglês “The Guardian” listou como aquelas que poderiam “salvar o planeta”.

De ativistas de organizações como o Greenpeace até políticos internacionais, a saída da ministra foi recebida com pesar, uma vez que ela sempre primou por legislar, de fato, em favor da causa ambientalista: “eu perco o pescoço mas não perco o juzo” , disse Marina há cerca de um ano atrás, quando já existiam pressões contra a política ambiental do governo Lula, a qual ela, na essência, sempre defendeu. A verdade é que, entre outras questões, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) foi um severo questionador do “PAC a qualquer custo”, vide as confusões na concessão de licenças para hidrelétricas no país, como no caso do Rio Madeira e o "reposicionamento" do projeto sobre a BR-163.

Nesta semana, antes do anúncio da saída da Ministra, em um evento sobre Meio Ambiente que eu participei aqui no Rio de Janeiro, ouvi da coordenadora geral de economia de energia do Ministério das Minas de Energia, a Sra. Ceres Cavalcanti, que há um claro embate entre os dois Ministérios. Nas palavras da coordenadora, “o MMA tem nos dados um trabalho danado”. E ainda sinalizou que os entraves causados pelo MMA deveram-se à “falta de planejamento ambiental”. Vê-se claramente como estava a situação de Marina junto aos seus "parceiros" de governo.

A saída da Ministra ocorreu um dia antes da chegada da primeira-ministra alemã Angela Merkel, que veio ao Brasil tratar, entre outras coisas, sobre acordos relacionados exatamente ao Meio Ambiente, e na mesma semana em que o governo brasileiro apresentou seu plano de política industrial. O plano, onde o BNDES favorece as indústrias com financiamentos e taxas de juros menores, sequer menciona, de forma inacreditável, uma política clara quanto à perspectiva ambiental, o que é inadmissível.

Não quero aqui discutir a excelência de Marina Silva como gestora. Pode até ser que este não seja um de seus melhores atributos, mas é inegável que ela conhece a realidade ambiental brasileira. Ontem, em sua entrevista coletiva sobre sua decisão, ela disse que a política ambiental do governo Lula deve ser feita COM a sociedade e não PARA a sociedade, priorizando o diálogo. A discussão entre posturas distintas sobre o mesmo tema é sadia. Marina espera que o compromisso da política ambiental brasileira seja renovado com a chegada de Carlos Minc, o novo ministro. E sobre o Minc, a gente fala em outra postagem.

E o que o tema de nosso blog tem a ver com tudo isso ? Muita coisa. Nós, profissionais de TI que primamos pelas boas práticas de Governança “top-down”, ou seja, que tenha o comprometimento do alto escalão de nossas organizações para o sucesso de nossos projetos e obtenção dos resultados esperados, percebemos em nossa própria cúpula governamental, ao que parece, que a política ambiental brasileira ainda não é um compromisso, de fato, assumido por todos. Em toda esta confusão, fica a impressão de que há uma inversão dos fatores: ao invés do desenvolvimento estar sujeito ao impacto ambiental, é o meio ambiente que parece estar fadado à subordinação em relação ao desenvolvimento.

No caso da TI Verde, quando relevamos as práticas de responsabilidade ambiental na área de TI em nossos ambientes de trabalho, desejamos que estas iniciativas sejam potencializadas de forma a gerar retorno para as organizações. Um dos pilares da TI Verde, e da Governança de TI como um todo, é que tais ações agreguem valor ao negócio, seja no mercado de capitais, em redução de custos, na imagem junto ao consumidor ou algum outro ponto. Mas que haja também um entendimento de que toda a ação tem uma Taxa Interna de Retorno, e que esta nem sempre pode ser imediata. O planejamento estratégico da organização está aí mesmo para que tudo isto seja levado em consideração na definição dos programas . E a TI Verde deve ser entendida como uma ação estratégica.

Finalizando, o pseudo-radicalismo da ex-ministra, que foi contestado por muitos de seus opositores, foi, sem dúvida, um instrumento extremamente necessário para a instauração de um diálogo abrangente, diálogo este que possa permitir ao país encontrar seu ponto ótimo na equação entre o crescimento e o respeito ao meio ambiente. Da mesma forma continuaremos a lutar por políticas verdes em TI que dêem vantagem competitiva às organizações, mas que também gerem ações de responsabilidade ambiental e social das quais nossos filhos e netos nos serão gratos daqui há alguns anos. Conseguir "fechar esta conta" é o nosso maior desafio.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

ASUS também é verde


A fabricante Asus, de Taiwan, apresentou no último dia 22 de abril em Taipei uma linha de computadores ‘verdes’, incluindo o curioso ES500 da foto ao lado. Os equipamentos, revestidos por bambu e madeira, seguem a recomendação RoHS (para quem não sabe, “Restriction of Hazardous Substances”). O RoHS é um conjunto de diretivas que restringem o uso de certas substâncias na produção de manufaturados na União Européia e começou a ser adotado em 2003.

Além disso, a famosa marca apresentou sua nova linha de placas-mãe para computadores, equipadas com o exclusivo ASUS EPU (Energy Processing Unit). Esta série eco-eficiente é baseada no chipset Intel® P45. Leia a matéria completa aqui. Será que os tigres asiáticos agora são "verdes" ???

sexta-feira, 9 de maio de 2008

III CNMA acontece em Brasília


Depois de um amplo processo de Conferência Estaduais do Meio Ambiente, realizados até a primeira quinzena de abril deste ano, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) mobiliza o País para a III Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), que será realizada de 7 a 10 de maio de 2008, em Brasília. Esta edição tem o desafio de debater uma das principais preocupações ambientais do planeta: as mudanças climáticas. O tema, que até então estava restrito à comunidade científica e governos, ganhou as ruas após a divulgação dos últimos relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Atualmente, o mundo inteiro se debruça na busca de soluções para enfrentar os impactos causados pelo aquecimento global.

Quando o MMA diz que espera "contribuir para esta discussão, disseminar o conhecimento técnico-científico e político relativo ao tema e identificar soluções para sua mitigação e adaptação", para mim é bastante claro que o tema "TI Verde" deve fazer parte deste debate. Há uma preocupação na criação de um "Plano Nacional de Mudança do Clima", já em fase de elaboração pelo governo brasileiro, que faz um convite para que a sociedade brasileira - governos, empresários e sociedade civil - entre neste processo de democracia participativa. A idéia é que todos os cidadãos assumam suas responsabilidades para a construção de sociedades sustentáveis. Infelizmente, não vi nas pautas de discussão da Conferência nada diretamente relacionado à TI, mas vale consultar futuramente os anais da Conferência para saber com detalhes o que aconteceu por lá.

A plenária nacional não é aberta ao público em geral, participando apenas os delegados eleitos nas Conferências Estaduais e delegados natos. Mas todo este processo de discussão é o Forum ideal para que possamos incluir a discussão de TI Verde num âmbito mais abrangente, buscando marcos regulatórios que direcionem as organizações a ter boas práticas de gestão ambiental em suas áreas de TI.

Leia mais sobre a III CNMA aqui.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

REGULAMENTAÇÕES À VISTA

O WBCSD -World Business Council for Sustainable Development (Conselho Mundial de Negócios para Desenvolvimento Sustentável) publicou em sua página um artigo da IPS - Inter Press Service News Agency - que revela que muitas companhias fornecedoras de grandes corporações em todo o mundo estão conscientes que regulamentações legais surgirão muito em breve e que devem , desde já, medir suas emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa).

Grandes corporações mundiais, como a Unilever, por exemplo, podem não emitir tantos gases através de suas próprias instalações, mas se considerarmos seus inúmeros fornecedores, esta quantidade passa a ser muito significativa. E não há como negar que eles, fornecedores, não fazem parte deste processo.

"Ao contrário dos políticos, as corporações tem vidas longas. E todo o dia consumidores "votam" com seus dólares", diz Paul Dickinson, CEO do Carbon Disclosure Project (CDP), organização sem fins lucrativos britânica que está coordenando este esforço.

Há uma clara preocupação em duas vertentes. A primeira trata da questão da questão do "Carbon Footprint" e quem, de fato, deve assumir esta dívida, já que regulamentações legais claras com relação a questão ambiental é questão de muito pouco tempo. A segunda revela a preocupação com os consumidores, que cada vez mais orientam suas escolhas através de questões de responsabilidade sócio-ambiental.

Leia a matéria completa aqui.

BRASIL ECO SHOW

Acontece entre os dias 11 e 14 de maio, no Centro de Convenções Sulamérica, Cidade Nova, Rio de Janeiro, o Brasil Eco Show 2008. Há uma boa variedade de atrações na exposição gratuita: Eco-Casa, Espaços Culturais, Feira Ecológica Cultural, além de estandes de empresas ligadas ao tema verde.

Completam o evento os seminários "Construindo o Desenvolvimento Limpo", onde temas como o MDL serão abordados, e "Conservando energia para o futuro", tratando de assuntos como eficiência energética e co-geração. Vale lembrar que os seminários são pagos.

Mais informações na página www.brasilecoshow.com