domingo, 7 de fevereiro de 2010

James Lovelock e Copenhage

James Lovelock é um pesquisador britânico que, na década de 1970, levantou a hipótese de Gaia, que entende o Planeta Terra como um único organismo vivo. Sendo assim, como qualquer coisa viva, pode gozar de boa saúde ou adoecer. As reações do planeta às ações humanas podem ser entendidas como uma resposta auto-reguladora desse imenso organismo vivo, Gaia, que sente e reage organicamente. Lovelock e outros pesquisadores que apoiam a idéia atualmente a consideram uma teoria científica, não apenas uma hipótese, uma vez que, segundo eles próprios, ela já teria passado pelos testes de previsão. De lá para cá, Lovelock publicou vários livros sobre o assunto, e seu mais recente lançamento é "Gaia: alerta final" (Ed. Intrínseca).

Em janeiro passado, Lovelock concedeu uma entrevista ao jornal O Globo, onde falou destas questões, mas chamou-me a atenção sua resposta ao ser indagado sobre o "fracasso" de Copenhage. "O senhor acha que teremos outra oportunidade como essa? Outro momento político tão simbólico, com 110 chefes de Estado reunidos?", perguntou a repórter. Lovelock respondeu: "Mesmo que tenhamos, será inútil. Nada foi feito depois da Rio-92, nem depois de Kioto, exceto mais reuniões. A ÚNICA FORMA POSSÍVEL É ENXERGARMOS VANTAGENS FINANCEIRAS NO COMBATE AO AQUECIMENTO. É dessa forma que se faz. É o que o Brasil fez com o álcool".

Coloquei em maiúsculas a frase mais contundente, na minha opinião. É o que venho observando há tempos neste blog. Os riscos relacionados à sustentabilidade são ameaças, mas também OPORTUNIDADES. É cada vez mais óbvio que, enquanto os ganhos no combate ao aquecimento global não forem potencializados financeiramente de maneira clara, as adesões voluntárias serão poucas. Copenhage não gerou os frutos que desejávamos por interesses outros que não eram os ambientais. Poucas nações estão estruturadas para viver em harmonia com as iniciativas sustentáveis. A Europa caminha num passo à frente, mas os EUA ainda continua um país reticente, e a China não se define. Ali, num encontro essencialmente político, a "conta não fechou". E para esta conta fechar, os bilhões de dólares investidos nas medidas sustentáveis teriam que, de alguma forma, retornar aos bolsos dos investidores. Não houve regulação definida, não houve acordo.

É assim com os países, é assim com as empresas. Movidas mais pela regulação do que pela adesão voluntária, as iniciativas sustentáveis podem ser uma decisão estratégica em empresas que tenham uma estrutura de Governança bem pautada, onde é possível vislumbrar as oportunidades deste mercado. TIC Verde é apenas um dos aspectos. Pode ser uma ótima oportunidade com desdobramentos positivos para a empresa rever práticas e processos. E, por quê não, obter ganhos financeiros.

Um comentário:

Karen Paty Lira disse...

Bom Dia,

Enviei um email pra você a respeito de um evento que estou organizando. Gostaria muito de sua participação.