segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

ITIL e a Sustentabilidade

Eu participo de um ótimo grupo de estudos da ITIL (Information Technology Infrastructure Library), que trata de gerenciamento de serviços de TI. O grupo é liderado por dois excelentes profissionais da área: Patrícia Aquino e Marcos André, ambos certificados em Service Manager.

Em uma discussão recente no grupo, levantou-se a questão: até que ponto a ITIL endereça a TI Verde ? Eu peço licença para reproduzir abaixo a minha resposta:

"Muitos estudiosos tratam a cadeia de valor corporativa sob o conceito dos "três pilares" (ou "three bottom line"): prosperidade econômica, justiça social e responsabilidade ambiental. Para se manterem no mercado a longo prazo com toda a visibilidade e projeção, os especialistas consideram que um organização deve atender estes três pontos. É uma questão de sobrevivência. Hoje temos o entendimento de que as questões envolvendo a sustentabilidade (ambiental e social) devem estar na pauta estratégica de todas as corporações. A TI Verde não deve ser tratada como algo separado da Governança de TI. Ela está inserida neste processo. Da mesma forma que, num patamar acima, a sustentabilidade empresarial faz parte da Governança Corporativa. O IBGC tem um paper interessante sobre isso, juntando Governança Corporativa e Sustentabilidade, está no website deles. Portanto, a TI Verde deveria ser preocupação direta dos CIOs em vários de seus aspectos, alinhada com metas como eficiência energética, reciclagem, atendimento aos interesses de novos stakeholders, valorização da marca, mudança na relação com fornecedores, entre muitos outros pontos.

Se por um lado pode parecer frustrante que os frameworks de TIC não toquem diretamente no assunto ambiental, há uma grande contribuição que todos eles podem nos dar: comportamento ético, respeito, gerenciamento de stakeholders e visão estratégica. Desta maneira, abre-se um universo de possibilidades para tratarmos a
TI Verde, principalmente neste momento em que o meio ambiente é palavra de ordem. Mas esta discussão não é nova (vem desde o final da década de 80, quando o termo "desenvolvimento sustentável" surgiu), e acho até que, realmente, a v3 do ITIL poderia tocar um pouco neste assunto. Mas isso, de longe, não chega a ser um problema.

Ao ter um foco cada vez maior em entregar valor ao negócio através do gerenciamento de seus serviços de TI, a ITIL acaba, sutilmente, levando em consideração questões ambientais nos processos de tomada de decisão. Embora falhe ao não endereçar o impacto ambiental da entrega de serviços, as práticas da ITIL buscam orientar a TI na direção e objetivos do negócio. Se o negócio da organização envolve a sustentabilidade, a TI Verde certamente surgirá neste cenário.

Creio que o "Service Strategy" (que, aliás, tem uma capa bem sugestiva, com uma planta !) pode nortear várias ações neste sentido: na parte de composição de valores (o que o cliente deseja, como ele quer a entrega), na parte de benefícios (valor para o cliente), na parte de processos estratégicos, na parte de casos de negócio, entre outros. Como já dito, um framework de governança abre possibilidades imensas
de interpretações em prol do negócio. E se o negócio quer o pilar ambiental, o framework pode colaborar e muito...

... Finalizando, minha opinião é que a responsabilidade ambiental deve ser incluída não apenas em projetos de ITIL, mas em qualquer projeto, TI ou não. Analisar o impacto ambiental de qualquer iniciativa nova é fundamental, e o que puder ser capitalizado em favor da organização deve ser feito. Os frameworks são grandes parceiros neste sentido."

Ainda aproveitei para citar, como exemplo, um artigo do Uptime Institute chamado "Using ITIL to Gain Data Center Effiency". Clique aqui para baixá-lo. Nele, o autor cita o gerenciamento de mudança e o de configuração como elementos capazes de atuar melhor na eficiência do seu Data Center, e as métricas provenientes da gestão por indicadores em serviços de TI podem ajudar muito também. A conclusão do artigo é que os princípios da ITIL com relação aos problemas estruturais, mudança e configuração, aliados às métricas, provêem dados importantes para tomadas de decisão neste sentido.

Em resumo: as "boas" práticas sugeridas nos frameworks em geral, e a ITIL é uma delas, tem, na essência, um compromisso ético que pode colaborar e muito na implementação de ações ambientalmente responsáveis. É uma questão de saber interpretar como agregar valor ao negócio.

Bem, vamos falando mais sobre frameworks em outras postagens ...

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente abordagem Maurício.

A propósito deste assunto, gostaria de convidar todos os interessados a lerem os dois post no blog de nossa empresa sobre o assunto:
http://www.baguete.com.br/blogs/blog.php?id=3

Riboni